A fome do Rango tem mais de quarenta anos. Durante todo este período, depois de sucessivos chefs no comando de um precário cardápio servido ao povo brasileiro, o personagem criado pelo cartunista, chargista e mestre em aquarela Edgar Vasques sobreviveu com enorme valentia. É exatamente por esta atualidade de uma das figuras mais vigorosas da história do cartum nacional que o Sarau Amigos da Alice homenageou, no dia 19 de agosto, o pai do Rango. O encontro aconteceu no Espaço Cultural Mascavo, bairro Cidade Baixa.
Edgar iniciou a arte do traço ainda na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Ao lado, de Fraga, Canini, Santiago, entre outros, participou do boom do humor gaúcho dos anos 70 – época em que a Ditadura Militar vicejava com firmeza. Depois de Rango, personagem que acabou virando um símbolo de resistência contra o regime autoritário, ele trabalhou em inúmeras publicações, entre jornais e revistas. Mas foi ao lado de Luis Fernando Verissimo que, nos anos 80, Edgar voltou ao foco nacional. Passou a ilustrar, na revista Playboy, as histórias do Analista de Bagé. No ano passado, na Feira do Livro de Porto Alegre, lançou o livro “Edgar Vasques, Desenhista Crônico”.
No Sarau, ele foi o quarto homenageado da série “Cinco Clássicos”, que reúne cinco obras de cartunistas gaúchos a cada mês e já destacou os desenhistas Canini, Moa e Rafael Corrêa. Ao final de um ano, os trabalhos serão publicados em forma de livro. Durante o evento, também aconteceu o Bazar dos Arteiros, com a comercialização de obras de arte, fotos e literatura. Os participantes tiveram, ainda, a oportunidade de ouvir a dupla de violonista Vinicius Correa e Cláudio Veiga, integrantes do Batuque de Cordas, e o músico Cristiano Hanssen.