Alguns povos não permitem fotografias, pois acreditam que as imagens impressas lhes roubam a alma. A exposição Ausências Brasil – inaugurada no dia 7 de dezembro no Arquivo Público do Estado de São Paulo – propõe exatamente o contrário. Ao refazer fotos antigas sem a presença de 12 brasileiros e 5 argentinos assassinados pelas ditaduras militares de ambos os países, a mostra ressuscita o espírito de luta pela verdade, a memória e a justiça destas pessoas imprescindíveis. Trata-se de uma denúncia sem voz, sem palavras e sem rosto.
A Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (ALICE) – responsável pela coordenação do trabalho- garimpou retratos nos álbuns das famílias dos desaparecidos políticos e o fotógrafo argentino Gustavo Germano remontou as mesmas cenas, com personagens e cenários idênticos, evidenciando assim a dolorosa falta daqueles que não se encontram mais ali.
Idealizado por Germano, o Projeto Ausências foi inicialmente realizado na Argentina. Por meio de parceria com a Alice e convênio firmado com a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), tornou-se possível montar a versão brasileira. A intenção é ampliar o trabalho aos demais países latino-americanos marcados por ditaduras militares.
Os 34 painéis homenageiam os brasileiros Bergson Gurjão Farias, Luiz Almeida Araújo, Fernando Augusto De Santa Cruz Oliveira, Iuri Xavier Pereira, Alex de Paula Xavier Pereira, Arnaldo Cardoso Rocha, Jana Moroni Barroso, Ana Rosa Kucinski Silva, Devanir José de Carvalho, Virgílio Gomes da Silva, Luiz Eurico Tejera Lisboa, João Carlos Haas Sobrinho. Durante a inauguração, estiveram presentes familiares, o coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade e representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Gilney Viana; o secretário de Justiça e coordenador da Comissão da Anistia, Paulo Abrão; o coordenador do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Carlos Bacellar A mostra permanece no Arquivo até abril de 2013 e depois deverá itinerar pelo Brasil.