Arte é resistência. Uma das formas mais antiga de comunicação humana, a arte compõe o DNA da ALICE, sendo o principal meio de subvenção do trabalho social. Eventos ligado à arte – Sarau Alice, FeirArteira e Pimenta na Língua – assim como parcerias de pessoas que acreditam no trabalho desenvolvido ao longo de 19 anos, garantem a independência tanto financeira quanto de atuação da Ong.
Nos Saraus, por exemplo, músicos e poetas associam-se à proposta da ALICE. A FeirArteira, por sua vez, conta com a colaboração de artistas
visuais, cartunistas, fotógrafos, artesãos e artesãs de várias vertentes. Parte dos cachês e das vendas, são repassados para os projetos sociais.
Ocorridos no bar Divina Comédia, os três últimos Saraus, proporcionaram ao público o contato direto com o psicanalista e escritor Manoel Madeira, o cantor e compositor Rafael Sarmento e o cancioneiro e instrumentista Richard Serraria. Além deles, os eventos contaram com os músicos anfitriões Cristiano Hanssen, Nivaldo José, Vinícius Corrêa e Cláudio Veiga – esses dois últimos integrantes do duo de violões Batuque de cordas. Sem falar nos poetas Mário Pirata, Fátima Farias e Gonçalo Ferraz, nos mímicos, nos declamadores, nos cantores e nos instrumentistas responsáveis por “canjas” com sabor de shows.
Quanto à FeirArteira itinerante, é articulada pelo Coletivo Os arteiros e inclui o brechó Espelho da Alice. Os genuínos artigos atendem aos mais diversos gostos e bolsos, sendo característica do bazar o sistema compartilhado de organização e comercialização. Todos vendem os artigos de todos, fugindo ao costumeiro sistema de bancas individuais e administração hierárquica ou profissionalizada.
Caçula entre os projetos da ALICE, o “Pimenta na Língua” oferece o debate e temas polêmicos sem radicalização. A primeira edição aconteceu no bar Carmelita e “viajou” ao Oriente Médio por meio das experiências vividas pelos cartunistas Moa e Rafael Corrêa, e pelo artista visual Amaro Abreu. Por premiações ou bolsa de residência, eles visitaram países como Egito e Líbano. Além de ouvirem o trio, os presentes degustaram um Carreteiro especial, revivendo o tradicional hábitos das comunidades que sentam para partilhar as refeições.